Que coisa! Sebastião chegou em sua casa mal entendendo o que acontecia, perdendo as pernas, o ar, a saúde, a juventude... Travado, alucinado, se odiando por aquela noite, mas sabia que amanhã quando acordasse [se acordasse] tudo ia começar. Sebastião sempre pensa: “O hoje acaba amanhã. Feliz sou eu com essa amnésia”. Então ele acordou, tinha que acordar pra trabalhar, com uma dor de cabeça do inferno, seus olhos latejavam, com a respiração ofegante, com o coração batendo fora do seu corpo. Parecia um velho a beira da morte, levantou, foi ao banheiro, sentou na privada, fez o que devia fazer, encostou-se na pia e dormiu uns dez minutos até que batessem na porta acordando-o... “Já estou saindo, caçamba!” lavou o rosto, olhou-se no espelho, desesperou-se com seus olhos fundos, sua testa enrugada. Velho! Ele está envelhecendo. Com um gosto horrível na boca, até que tentou escovar os dentes, mas adiantou pouco. Chegou meia hora atrasado no trabalho, dormindo de olhos abertos, sentado na cadeira miserável, podre, que doía tudo, principalmente as costas. Santo Deus! Quanto tempo iriam durar as 9 horas de trabalho naquele dia? Água, água, água... Sebastião não conseguia se concentrar, acordar, teu corpo todo caía, e ele se segurando, tentando disfarçar todo seu podre. Mas não adiantava, ele estava perdido. Coisas da vida, coisas de gente burra. Pensa, pensa, pensa... Vamos! Precisa de uma desculpa pra não trabalhar a tarde.
sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010
Sebastião (adaptação: Rodrigo Ribeiro)
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